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Síndrome Pré-Menstrual

O que é a Síndrome Pré-Menstrual?
A síndrome pré-menstrual (PMS) é caracterizada pela presença de sintomas físicos e/ou comportamentais que ocorrem, repetidamente, na segunda metade do ciclo menstrual (chamada de fase lútea) e, muitas vezes, também nos primeiros dias da menstruação.

Por que ocorre a PMS?
As evidências disponíveis sugerem que a PMS seja desencadeada por alterações nos hormônios produzidos pelos ovários e o funcionamento dos neurotransmissores centrais (sendo a serotonina o mais associado), durante a fase lútea, em mulheres suscetíveis.

Como você pode observar na figura acima, a secreção hormonal varia durante o ciclo.

Definição
A maioria das mulheres em idade reprodutiva apresenta um ou mais sintomas emocionais ou físicos leves durante um a dois dias antes do início da menstruação. Esses sintomas (como dor e inchaço nas mamas) são sutis, não causam desconforto grave ou comprometimento funcional e não são considerados representativos da PMS.
Por outro lado, a PMS clinicamente significativa é definida pelo Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas como, pelo menos, um sintoma associado a "disfunção econômica ou social" que iniciam na semana anterior à menstruação, resolvendo-se alguns dias após o início da mesma, e que estejam presentes em, pelo menos, três ciclos menstruais consecutivos. Os sintomas podem ser de humor (por exemplo, explosões de raiva, depressão) ou físicos (por exemplo, dor nas mamas e inchaço).

Manifestações clínicas
Mulheres com PMS apresentam uma ampla variedade de sintomas físicos, emocionais, comportamentais e cognitivos cíclicos e recorrentes.
No entanto, os sintomas principais incluem sintomas de humor, como depressão, irritabilidade e ansiedade, e sintomas somáticos, como dor nas mamas, distensão abdominal e dor de cabeça.

História natural
Os sintomas da PMS começam a qualquer momento após a primeira menstruação, mas, geralmente, se iniciam por volta dos 20 anos de idade e continuam ao longo de toda a vida reprodutiva da mulher (a menos que sejam tratados). A PSM desaparece completamente após a menopausa e, transitoriamente, durante a gravidez ou durante qualquer interrupção da ovulação.

Diagnóstico:
Fazemos um diagnóstico de PMS se uma mulher tiver:
● 1-4 sintomas que podem ser de natureza física, comportamental ou afetiva/psicológica, ou
● ≥5 sintomas físicos ou comportamentais.

Se, por outro lado, uma mulher apresenta ≥ 5 sintomas e um deles é um "sintoma afetivo" (por exemplo, alterações de humor, raiva, irritabilidade, sensação de desesperança ou tensão, ansiedade ou sentimento de nervosismo), é possível que seu diagnóstico seja Transtorno Disfórico Pré-Menstrual em vez de SPM.
Lembrando que os sintomas devem prejudicar as atividades de alguma forma com impacto negativo na qualidade de vida e devem regredir durante a menstruação ou logo depois.

Diagnóstico Diferencial
Os distúrbios pré-menstruais devem sempre ser diferenciados da exacerbação pré-menstrual de um distúrbio psiquiátrico grave já existente; a transição da menopausa, distúrbios da tireoide (hiper ou hipotireoidismo) e transtornos de humor.

Tratamento:
O tratamento depende da gravidade dos sintomas:
1. Sintomas leves
Para mulheres com sintomas pré-menstruais leves que não causam sofrimento, disfunção econômica ou disfunção social, sugere-se medidas de estilo de vida, como exercícios regulares e técnicas de redução do estresse.

2. Sintomas moderados a graves
Nesse caso, as intervenções farmacológicas ou comportamentais, como terapia cognitivo-comportamental costumam ser melhores.

Quanto as opções farmacológicas, os medicamentos mais utilizados são os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (como sertralina, citalopram, escitalopram e fluoxetina), principalmente para as pacientes que tem mais sintomas de humor e que não desejam contracepção hormonal. A resposta costuma ser boa, sendo que 60-70% das mulheres sintomáticas respondem a esta classe de medicamentos.

Outra opção é suprimir o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano e a ovulação para não haver alterações cíclicas nos hormônios gonadais. Neste caso, o mais comum é se utilizar contraceptivos orais combinados de estrogênio-progestina (COCs), principalmente se a paciente não apresentar sintomas depressivos importantes e a contracepção for uma prioridade. Importante mencionar que os COCs não são melhores que o placebo na redução dos sintomas depressivos, por isso não são primeira escolha nesses casos. Outro ponto importante é que outros métodos que também bloqueiam a ovulação podem ser escolhidos caso seja a demanda da paciente.

Obs: algumas mulheres poderão necessitar de um COCs e de um antidepressivo inibidor seletivo da recaptação da serotonina, simultaneamente.

Ainda existem outras opções, porém, raramente utilizadas e, por isso, não estão na pauta
do blog de hoje.

Este texto foi escrito pela endocrinologista Dra.Luciana Péres (@endocrinoluperes) em colaboração com a ginecologista Dra.Jessica Zandoná (@dra.jessicazandona).

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