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Por que as medicações antiobesidade são tão estigmatizadas?

A obesidade representa, atualmente, um dos principais problemas de saúde pública em todo o mundo, e é considerada uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, seu tratamento ainda está longe de ser ideal.

Existem várias formas de intervenção no tratamento para a obesidade. Todavia, muitos médicos, agências reguladoras, meios de comunicação e pacientes consideram as modificações do estilo de vida como a única intervenção possível. Os medicamentos, apesar das limitações, são armas úteis para potencializar o tratamento, embora altamente estigmatizados.

E por que isso acontece?

1. Muito se fala sobre a fase ativa da perda de peso e muito pouco sobre manutenção da perda de peso.

O uso de medicamentos para perda de peso na maioria dos casos funcionará durante seu uso, mas sem esforços para manter o novo peso, após sua descontinuação, o peso perdido provavelmente retornará porque a obesidade é uma condição crônica e recorrente. Então, qualquer medicamento usado para tratar a obesidade deve ser seguro para uso no longo prazo, exatamente como ocorre com outras doenças crônicas como diabetes e hipertensão.

2. A obesidade ainda não é totalmente reconhecida como uma doença e, comumente, é definida como uma escolha de estilo de vida. Então, parece incoerente, para a maioria das pessoas, usarem uma pílula para resolver um problema que elas podem resolver sozinha.

Claro, há uma porcentagem de pacientes capazes de perder e manter quantidades consideráveis de peso a longo prazo sem qualquer medicação, o que varia de estudo para estudo. Todo mundo já ouviu falar de algum caso assim, mas estamos falando de evidências: relatos de casos não são regra, são exceção.

3. A perda de peso com medicamentos antiobesidade conhecidos é geralmente menor do que o desejado e insuficiente para "normalizar" o IMC.

É comum ler em artigos que a mediana das perdas de peso com medicamentos antiobesidade é pequena e os riscos de efeitos colaterais são maiores do que seus possíveis benefícios.

Em primeiro lugar, os resultados mostram que, em indivíduos obesos metabolicamente não saudáveis, uma perda de peso de 5 a 7% é suficiente para levar a um importante melhora nos fatores de risco cardiovasculares, osteoartrose ou apneia do sono, mesmo que o peso alcançado esteja longe de ser normal.
Em segundo lugar, sabe-se que as respostas à perda de peso são muito heterogêneas e em um grupo de intervenção há indivíduos sem resposta e indivíduos com respostas brilhantes. Nosso trabalho como endocrinologista é, justamente, tentar encontrar a medicação que o paciente responda melhor.

Daí a importância de realizar consultas médicas REGULARES, pois prescrever medicamentos para perda de peso sem suporte adequado, resultará em resultados abaixo do esperado e um maior risco de efeitos colaterais de um medicamento.

4. A perda de peso é um desejo comum na prática clínica, mesmo para pacientes não obesos.
5. Muitas drogas antiobesidade foram proibidas devido a efeitos colaterais inaceitáveis, por isso as pessoas tendem a colocar todas as outras “dentro do mesmo saco”, deduzindo que os medicamentos mais novos provavelmente também serão prejudiciais.
Portanto, antes de estigmatizar qualquer medicamento, converse com um médico especializado. Ele saberá prescrever o melhor tratamento para você!

Referência: Why are anti-obesity drugs estigmatizated?


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Dra Luciana Dornelles Sampaio Péres

Médica
CRM 34995

Especialista em Clínica Médica - RQE 29636
Especialista em Endocrinologia - RQE 29637

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