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OZEMPIC - tudo que você quer saber

 

 

Vocês certamente já ouviram falar sobre o Victoza ou Saxenda, certo? Ambos contêm como princípio ativo uma medicação que se chama liraglutida, sendo que a única diferença entre eles é a dose máxima dispensada pela caneta, sendo que o Victoza dispensa a dose máxima de 1,8mg/dia (indicada em bula para tratamento de Diabetes tipo 2) e o Saxenda dispensa a dose máxima de 3,0mg/dia (indicada em bula para o tratamento de obesidade).

A liraglutida é um medicamento pertencente a uma classe chamada de “ agonista do receptor do GLP-1”. Mas o que é o GLP-1?

O GLP-1 é um hormônio produzido pelo nosso intestino, que promove a redução do apetite, retardo do esvaziamento do estômago, aumentando a sensação de saciedade e ainda regula a glicose do sangue, e, por isso, seu uso é aprovado tanto para o tratamento de obesidade quanto de Diabetes.

Acontece que a liraglutida tem um inconveniente: deve ser aplicada na região subcutânea DIARIAMENTE, o que não é considerado “confortável” para muitos pacientes, visto que estamos falando do tratamento de doenças crônicas, ou seja, podem ser necessárias por muito tempo ou até de forma ininterrupta.

Nesse contexto, em 2019, chega no Brasil uma medicação muito similar à liraglutida, pois também se trata de um agonista do receptor do GLP-1, porém com algumas diferenças quanto à aplicação e eficácia. Estamos falando do famoso Ozempic. O Ozempic contém um princípio ativo chamado de semaglutida e está disponível no Brasil em doses de até 1mg/semana.

Resultados da semaglutida em estudos

Inicialmente, essa medicação era aprovada apenas para o uso em pacientes diabéticos. Porém, em 2021 foi publicado um estudo que avaliou a semaglutida em doses mais altas (de 2,4 mg/semana) por 68 semanas comparado ao placebo – ambos os grupos sendo estimulados a mudanças no estilo de vida – resultando numa perda de peso média de -15,3 kg no grupo semaglutida contra -2,6 kg no grupo placebo, atingindo uma média de perda de quase 15 % do peso. Esse resultado aprovou a semaglutida também para o tratamento de obesidade!

Logo após, com o objetivo de ser comparada com a liraglutida, foi publicado outro estudo, também controlado com grupo placebo, em que o grupo semaglutida recebeu doses progressivas da droga até atingir a dose plena de 2,4 mg/semana; e o grupo da liraglutida recebeu doses progressivas até atingir a dose plena até 3,0 mg/dia.

Os grupos foram acompanhados por 68 semanas. Como esperado, o grupo da semaglutida apresentou uma média de perda de peso de -15,8%, enquanto o grupo liraglutida apresentou uma perda de -6,4%; já o grupo placebo (somados os dois grupos) teve uma perda média de -1,9%.

É ainda mais evidente a superioridade da semaglutida quando analisamos o percentual de participantes que atingiram outros percentuais:

38% dos pacientes que usaram a Semaglutida perderam 20% ou mais do peso inicial, enquanto apenas 6% daqueles usando Liraglutida tiveram o mesmo resultado.
55,6% dos pacientes que usaram Semaglutida perderam 15% ou mais do peso inicial, enquanto apenas 12% daqueles usando Liraglutida tiveram o mesmo resultado.
70% dos pacientes que usaram Semaglutida perderam 10% ou mais do peso inicial, enquanto apenas 25% daqueles usando Liraglutida tiveram o mesmo resultado.

Estamos diante de resultados históricos, pois com nenhuma outra medicação aprovada para obesidade havia tido resultados tão bons.

Qual é a aplicação sugerida da semaglutida?

A semaglutida necessita de apenas uma aplicação injetável na região subcutânea por semana, o que torna seu uso muito mais prático. No entanto, está disponível aqui no Brasil somente em dose de até 1mg por semana. Então, se necessitarmos de doses mais altas, teremos que realizar mais uma injeção por aplicação.

Wegovy

Nos Estados Unidos, já foi lançado o Wegovy, que é a mesma semaglutida, porém com dose de até 2,4mg/semana. A previsão para chegada do Wegovy no Brasil é ainda este ano!!!!

A maior novidade do ano passado, foi a chegada da semaglutida oral – o Rybelsus. Porém, até o momento, é aprovada apenas para uso em Diabetes do tipo 2. Diferente da semaglutida injetável, cujo uso é semanal, a apresentação via oral deve ser utilizada diariamente, pela manhã, em jejum.

Se você utiliza a formulação injetável e deseja trocar para a via oral, converse com seu médico para que você passe a utilizar uma dose equivalente à que vem utilizando.

Quais são as principais barreiras no uso dessa medicação?

A maior barreira ao uso dessas medicações é o alto custo, visto que os efeitos colaterais costumam ser de cunho gastrointestinal (náuseas, vômitos, diarreia, constipação e dor abdominal), de intensidade leve e costumam melhorar no decorrer do tratamento.

E essa história da publicitária que foi internada por insuficiência hepática após uso de Ozempic sem acompanhamento médico?

No dia 19/05/23 foi publicada uma reportagem sobre o caso de uma publicitaria que foi para UTI após fazer uso de Ozempic sem prescrição médica. A reportagem conta que o motivo da internação foi insuficiência hepática aguda (IHA).

Acontece que IHA não é um dos efeitos adversos esperados com o uso do Ozempic.

Então, o que pode ter acontecido com a publicitária?

Tenho duas hipóteses.

A primeira é que a IHA tenha sido causada por outro agente. Embora muitos não saibam, overdose de acetaminofeno (conhecido paracetamol) é uma das causas mais comuns. Além disso, não é incomum que não se encontre causa nenhuma. Ainda existem casos atribuídos a extrato de erva verde.

A minha segunda hipótese também é uma causa bem conhecida de IHA e ela se chama: reação idiossincrática.

Mas o que é isso?

Ao contrário da IHA por acetaminofeno, que é dependente do uso de doses altas e tóxicas, a IHA por reação idiossincrática é DOSE INDEPENDENTE!

As reações medicamentosas idiossincráticas podem ser definidas como efeitos adversos que não podem ser explicados pelos mecanismos de ação conhecidos do fármaco. Essa reação ocorre de forma imprevisível apenas em indivíduos suscetíveis.

O que acontece é uma hipersensibilidade não imunológica a uma substância, caracterizada por ser independente da dose tóxica dessa mesma substância.

Essas reações tendem a ser mais graves, mas ocorrem tipicamente em um número muito pequeno de pessoas. As pessoas afetadas podem apresentar diferenças genéticas na forma como seu corpo metaboliza medicamentos ou responde a eles.

DE QUALQUER FORMA QUE SIRVA DE ALERTA PARA QUE AS PESSOAS NÃO SE AUTOMEDIQUEM!

CONSULTE SEMPRE UM MÉDICO ANTES DE INICIAR QUALQUER MEDICAÇÃO!

Aqui nesse link você pode conferir o vídeo que fiz sobre isso

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