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O verdadeiro objetivo do tratamento da obesidade está neste post!

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o objetivo do tratamento da obesidade não é normalizar o índice de massa corporal (IMC), embora isso até possa acontecer algumas vezes. Muitas pessoas acreditam que somente se tornando magras é que será possível obter benefícios clínicos e ter um organismo mais saudável.

Então, hoje escrevo para contar para vocês que o objetivo do tratamento da obesidade é prevenir ou tratar as complicações já existentes.

Dependendo da complicação, perdas de 5%, 10%, 15% já podem ser suficientes e isso é uma ótima notícia.

Pense comigo: pode ser muito difícil uma pessoa de 100 kg perder 40 kg e se manter com 60 kg ao longo da vida, mas parece uma meta atingível se a mesma pessoa perder 15 kg e se manter com 85 kg, não é mesmo?

Pequenos percentuais, grandes mudanças!

Perdas de peso acima de 5% têm efeitos significativos em marcadores metabólicos (como HDL-colesterol), depressão, dor nas articulações e função sexual.
Perda de peso acima de 7% foi associada a um menor risco de diabetes tipo 2 no estudo do Programa de Prevenção do Diabetes (DPP), em que cada quilo perdido estava associado a uma redução de quase 16% no risco de diabetes tipo 2.
Perdas de peso acima de 10% têm efeitos importantes na esteato-hepatite.
Pacientes diabéticos no estudo LOOK AHEAD que tiveram uma perda de peso de 10% tiveram 21% de redução de eventos cardiovasculares .
Perda de 11% de peso foi associado a uma redução de quase 23% de tecido adiposo intra-abdominal (gordura visceral), confirmando que perda de peso tem um efeito desproporcionalmente positivo na deposição de gordura visceral, que está associada a aterosclerose (formação de placas de ateroma sobre a parede das artérias).

Recentemente, a Abeso (Associação Brasileira para o Estudo de Obesidade e Síndrome Metabólica) e a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) lançaram um documento oficial que propõe uma nova maneira de classificar o resultado do tratamento da obesidade baseada na trajetória do peso. Ela classifica os pacientes como tendo obesidade inalterada, reduzida ou controlada.

Nesta classificação proposta, os pacientes devem ser questionados, em sua primeira visita, sobre seu peso máximo da vida (excluindo peso registrado durante a gravidez e lactação) e seu peso atual.

Para quem tem um IMC entre 30 e 39, 9 kg/m2, perdas que representem de 5% a 10% do valor mais alto alcançado na vida indicam uma obesidade reduzida. Já perdas acima de 10% apontam para uma obesidade controlada, com uma redução de risco importante para a saúde.

Para indivíduos que têm um IMC igual ou maior do que 40 kg/m2, os valores mudam um pouco. Então, para a obesidade ser considerada reduzida, a perda deve representar mais 10% do peso mais alto da vida e deve ultrapassar 15% para que a obesidade seja considerada controlada.

Vamos ao exemplo: o paciente A, um homem com 1,75 m de altura e um peso máximo atingido na vida de 118 kg tem IMC de 38,5 kg/m², que é classificado com obesidade Classe II. Se ele perdeu 10 kg (8,4% do seu peso máximo), ele permaneceria na categoria de obesidade Classe II, mas seria considerado como tendo “obesidade reduzida” nesta classificação recém proposta, uma vez que ele poderia obter benefícios clínicos de sua perda de peso.Se apenas o valor de seu IMC fosse considerado, nenhuma mudança teria ocorrido, e sua perda de peso seria considerada insuficiente ou seu tratamento um fracasso. Se o mesmo paciente perder 15 kg (12,7% do seu peso máximo da vida), ele ainda seria categorizado como tendo Obesidade Classe II e seria considerado “controlado” com base em sua perda de peso de 12,7%. Caso o paciente perdesse 20 kg, ele provavelmente apresentaria melhora clínica, mas permaneceria na mesma categoria, tendo obesidade classe II (15% de perda de peso, obesidade controlada).

Assim, a decisão de perder mais ou menos peso deve ser analisado individualmente com base na avaliação geral da saúde do paciente e estado metabólico.

E agora? Parece mais fácil controlar a tua doença?

Referência para a escrita deste post: Proposal of an obesity classifcation based on weight history: an offcial document by the Brazilian Society of Endocrinology and Metabolism (SBEM) and the Brazilian Society for the Study of Obesity and Metabolic Syndrome (ABESO).

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