Ganho de peso e menopausa
O envelhecimento é associado com o ganho de peso, tanto em homens como em mulheres. O processo de envelhecimento leva à diminuição da massa magra, o que reduz a taxa metabólica de repouso e resulta na diminuição do gasto energético. Assim, é necessário que a ingestão calórica e a prática de atividade física estejam adequadas a essas mudanças metabólicas para que o balanço energético não seja positivo e não haja aumento de peso corporal total ao longo dos anos. É quase como dizer que, se você quiser se manter com o mesmo peso ao longo da vida, você provavelmente precisará comer menos e se exercitar mais.
O ganho de peso tem relação direta com a menopausa?
A maior parte das evidências disponíveis mostra que o ganho de peso e o aumento do IMC estão relacionados com o envelhecimento e que, após ajustes para a idade, a menopausa, como fator independente, não resulta em ganho de peso significativo. As mudanças hormonais relacionadas à transição menopausal parecem ser responsáveis apenas por mudanças na composição corporal.
Então o que que acontece com o corpo da mulher após a menopausa?
O tecido gorduroso subcutâneo diminui, enquanto o depósito de tecido gorduroso visceral aumenta, resultando em uma maior distribuição central de gordura. Além disso, há perda de massa muscular.
No estudo SWAN, que incluiu quase 550 mulheres com idades entre 42 e 52 anos tendo as acompanhado durante 6 anos, houve um ganho de peso médio de 2,9 kg, aumento de 3,4 kg na massa gorda e um aumento de 5,7 cm na circunferência da cintura.
Impacto dos distúrbios do sono associados
Na transição menopausal, os distúrbios do sono, como os despertares noturnos por conta dos fogachos (que são os famosos calorões) levam à privação crônica do sono. A privação crônica de sono é associada a diminuição da leptina (um hormônio anorexígeno, ou seja, que reduz o apetite), aumento da grelina (um hormônio orexígeno, ou seja, que aumenta o apetite), gerando aumento da fome e do apetite – principalmente por alimentos de alto teor calórico e alto teor de carboidratos. Estima-se que, uma noite com poucas horas de sono, promova o aumento da ingestão de umas 400 calorias a mais no dia seguinte!! Além disso, ficar mais tempo acordado pode significar ter mais tempo para pensar em comida e comer mais! A privação de sono também tende a resultar em cansaço e falta de disposição, o que pode comprometer o engajamento na atividade física no dia seguinte! Dados observacionais sugerem uma associação entre restrição do sono e aumento da prevalência de obesidade.
Impacto da alterações do humor
Na transição menopausal também são comuns as alterações de humor que
interferem de forma negativa na escolha de um estilo de vida saudável. Os quadros depressivos são mais comuns, não apenas pelas flutuações hormonais, mas também são devidos a mudanças relacionadas à saúde, sociais, nas relações familiares (por exemplo, a “síndrome do ninho vazio”), ao trabalho e financeiras, estresse, entre outros.
A ansiedade é outra desordem prevalente nessa população. Essas alterações são relacionadas ao aumento da ingestão calórica e a um comportamento alimentar, muitas vezes, compulsivo que contribuem para o
aumento de peso.
Relação peso com sintomas da menopausa
Além disso, durante a transição da menopausa, conforme o peso aumenta, os sintomas da menopausa também tendem a aumentar. A obesidade é um fator de risco independente para sintomas mais graves de menopausa.
O que podemos fazer para melhorar os sintomas da menopausa?
Reduções de peso, IMC e circunferência abdominal reduzem os sintomas vasomotores das mulheres com sobrepeso e obesas. A combinação de dietas e exercício também têm efeitos positivos na qualidade de vida e saúde psicológica.
Ademais, a perda de peso exerce um efeito positivo sobre a resistência à insulina em mulheres na pós-menopausa que, juntamente com uma diminuição nos sintomas da menopausa, pode, potencialmente, diminuir o risco cardiovascular.
E quanto à reposição hormonal? Será que ela aumenta o peso?
É bastante comum a preocupação das mulheres de que a terapêutica hormonal da menopausa possa propiciar ganho de peso. Entretanto, a maioria dos estudos científicos não comprova esta preocupação, geralmente mostrando que a terapia de reposição hormonal tem efeito neutro sobre o peso. Por outro lado, o tratamento hormonal favorece a distribuição da gordura corpórea respeitando o padrão feminino, enquanto na falta desta terapêutica, ha tendência de acúmulo de gordura na região abdominal.
Em um estudo de três anos, incluindo mais de 800 participantes da Women's Health Initiative (WHI), aquelas que receberam terapia com estrogênio e progesterona perderam menos massa muscular magra e tiveram menos alterações na distribuição de gordura em comparação com aquelas que receberam placebo.
Referência: Obesidade na mulher. Febrago. 2019.