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Estudo identifica 4 fenótipos de obesidade

A obesidade é uma doença decorrente da desregulação do balanço energético (consumo calórico x gasto energético) que resulta em armazenamento excessivo de calorias na forma de gordura em indivíduos com predisposição genética.

No que diz respeito à ingestão de calorias, os principais determinantes do comportamento alimentar são: o comer homeostático e o comer hedônico.

O comer homeostático é controlado, principalmente, pelo eixo cérebro-intestino, e envolve a fome (desejo de comer), saciação (quantidade de calorias necessárias para se sentir satisfeito) e saciedade (intervalo entre acabar de comer e voltar a sentir fome). O comportamento alimentar hedônico é o desejo de comer para lidar com emoções positivas ou negativas.

No que diz respeito ao gasto de energia, as principais variáveis são:

 - o gasto energético de repouso: também chamado de metabolismo basal, que é a energia mínima que o organismo necessita para cumprir as suas atividades vitais quando em repouso. Ou seja, é a quantidade de calorias que o corpo gasta, todos os dias, para manter os batimentos cardíacos, a pressão arterial, a respiração, a temperatura corporal e outros processos biológicos — sem incluir os exercícios físicos.

- o efeito térmico dos alimentos: gasto necessário para metabolizar e armazenar os alimentos.

- a atividade física: tanto atividades do cotidiano, quanto exercício físico propriamente dito.

 

Sabemos que a resposta dos pacientes aos diversos tratamentos, seja dieta, medicamentos ou cirurgia bariátrica é bastante heterogênea – enquanto uns perdem muito peso com determinado tratamento, outros, não. Baseado nessa observação, este artigo procurou identificar diferentes fenótipos de obesidade, ou seja, classificar os pacientes em subgrupos com características comuns no que diz respeito a ingesta de calorias e gasto energético, com a finalidade de individualizar a terapia para obesidade guiada por esses fenótipos e ver se desta forma a terapia seria mais eficaz.

Testes de fenótipos de obesidade

Todos os participantes do estudo foram submetidos a testes que avaliaram:

- O comportamento de comer homeostático: dividido em três estágios- fome, saciação e saciedade;

- O comportamento de comer hedônico;

- O gasto energético: medido por calorimetria indireta.

De acordo com os resultados dos testes, os participantes foram então classificados em fenótipos:

- Cérebro faminto (32% dos casos): saciação anormal, ou seja, precisavam de mais calorias que os demais para se sentirem satisfeitos;

- Intestino faminto (32% dos casos): saciedade anormal, ou seja, voltavam a sentir fome mais rapidamente;

 -Fome emocional (21% dos casos): comer hedônico, ou seja, ligada as emoções;

- Metabolismo lento (21% dos casos): gasto energético reduzido;

É importante ressaltar que, em 15% dos participantes, nenhum fenótipo foi identificado e que, em 27% dos participantes, mais de um fenótipo foi identificado.

 

 

Farmacoterapia guiada para o fenótipo

Após a classificação, o tratamento medicamentoso foi iniciado. Porém, não se utilizou o mesmo medicamento para todos os participantes, ao contrário, os integrantes do grupo intervenção receberam um tipo de medicamento considerado melhor para o seu fenótipo (determinada pelo mecanismo de ação principal de cada droga).

Cérebro faminto: medicados com a combinação de fentermina com topiramato (não disponível no Brasil) ou lorcaserina (retirada do mercado em 2020);

Intestino faminto: medicados com liraglutida (nome comercial Saxenda);

Fome emocional: medicados com a combinação de naltrexona com bupropiona (previsão de chegar no Brasil em 2023).

Metabolismo lento: medicados com fentermina (não disponível no Brasil).

Já os pacientes do grupo controle foram medicados, levando-se em consideração suas próprias preferências, perfil de efeitos colaterais, controle glicêmico, perfil de segurança, entre outros...

Comparação de eficácia nas duas estratégias

Perda de peso média ao final de seis meses:
- Grupo Intervenção (medicação guiada pelo fenótipo): - 10,5%
- Grupo Controle: - 6,3%

Perda de peso média ao final de um ano:
- Grupo Intervenção (medicação guiada pelo fenótipo): - 15,9%
- Grupo Controle: - 9%

Veja agora o resultado, quando analisamos a porcentagem de participantes que perderam mais de 10, 15 ou 20% do peso no final de um ano do estudo: 

 Conclusão

Este estudo mostrou que direcionar o tratamento da obesidade para o fenótipo específico está associado a maiores perdas de peso.

Referência: Selection of Antiobesity Medications Based on Phenotypes Enhances Weight Loss: A Pragmatic Trial in an Obesity Clinic. Obesity (2021) 29, 662-671.

 

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