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Engravidei usando análogo de GLP-1R (Saxenda, Ozempic), meu bebê tem maior risco de malformações congênitas?

   

Considerando que a prevalência de sobrepeso, obesidade e Diabetes tipo 2 está aumentando entre mulheres em idade fértil, é de se esperar que um número cada vez maior delas seja tratado com agonistas do GLP1-R nesta fase da vida.

Além disso, sabe-se que, aproximadamente 50% das gestações em todo o mundo, NÃO SÃO PLANEJADAS, portanto, ter informações a respeito do perfil de segurança dos análogos do GLP1-R é muito relevante.

O que diz a bula desses medicamentos?

De acordo com a bula do produto, ESTUDOS EM ANIMAIS observaram um risco aumentado de malformações com uso de liraglutida e semaglutida em doses comparáveis às administradas em humanos.

Uma característica importante do produto

Este produto apresenta uma característica importante: uma elevada massa molar! Embora propriedades físico-químicas adicionais possam desempenhar papéis importantes, a transferência placentária de medicamentos com tamanho molecular tão elevado geralmente não é prevista no primeiro trimestre da gravidez, a menos que exista um mecanismo específico de transferência.

O estudo

Este estudo foi uma coorte observacional, multicêntrica e prospectiva, conduzido por centros que são membros da Rede Europeia de Serviços de Informação Teratológica (ENTIS) em cinco países: Alemanha, Israel, Itália, Suíça e Reino Unido.

A ENTIS é uma organização de serviços especializados que fornece conhecimentos especializados sobre os riscos potenciais associados à exposição a medicamentos durante a gravidez e a amamentação a nível individual.

O objetivo do estudo

O objetivo principal deste estudo foi avaliar o risco de defeitos congênitos graves, perdas espontâneas de gravidez e interrupções de gravidez após exposição no primeiro trimestre a um GLP1-RA.

A amostra

Foram incluídas 168 gestantes expostas ao GLP1-RA durante o primeiro trimestre de gestação. Além disso, houve dois grupos controle: um com 156 mulheres com diabetes pré-existente que foram expostas a medicamentos antidiabéticos não-GLP1-RA durante o primeiro trimestre de gravidez (na maioria dos casos metformina) e outro com 163 mulheres com sobrepeso/obesidade sem diabetes.

A liraglutida (n=99) foi o GLP1-RA mais comumente prescrito, seguida pela semaglutida (n=51), dulaglutida (n=11) e exenatida (n=7).

As indicações para o uso de GLP1-RA no estudo incluíram perda de peso (n=117), diabetes (n=46) e outras indicações (n=4) como SOP.

A terapia foi iniciada antes da concepção em 88% das mulheres do grupo exposto e interrompida em uma idade gestacional média de 5 semanas.

Os resultados

Examinando 168 mulheres grávidas expostas a um GLP1-RA durante o primeiro trimestre de gravidez, juntamente com dois grupos de referência, não foi identificado um padrão específico de defeitos congênitos.

Além disso, a análise não revelou associação entre a exposição ao GLP1-RA e um risco aumentado de defeitos congênitos graves.

A taxa bruta de defeitos congênitos graves nas mulheres expostas ao GLP1-RA foi de 2,6%. Esta taxa é equivalente à observada no grupo de referência com diabetes (2,3%).

Não foi observado risco aumentado de perdas gestacionais quando comparado o grupo GLP1-RA com os dois grupos de referência.

No entanto, a maior incidência de interrupções eletivas por motivos pessoais no grupo GLP1-RA, em comparação com ambos os grupos de referência, pode ser indicativa de um maior número de gestações não planejadas e de ansiedade relacionada aos riscos desconhecidos da medicação GLP1-RA para o feto.

 

CONCLUSÃO

Este estudo oferece mais garantias em casos de exposição INADVERTIDA ao GLP1-RA durante o primeiro trimestre de gravidez.

Isso não quer dizer que estes medicamentos devam ser usados em mulheres grávidas! Toda mulher que descobre uma gestação, deve suspender o uso de análogos do GLP-1R imediatamente.

 

 

Referência:

Use of GLP1 receptor agonists in early pregnancy and reproductive safety: a multicentre, observational, prospective cohort study based on the databases of six Teratology Information Services

Dao K, et al. BMJ Open 2024;14:e083550.

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