ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E GANHO DE PESO
No turbilhão das dietas da moda, da cetogênica à vegana, surge uma questão fundamental: a confusão geral sobre o que é, verdadeiramente, saudável para o nosso corpo. A disputa fervorosa entre defensores de diferentes dietas obscureceu um conselho comum e crucial: evite os alimentos ultraprocessados.
À medida que consumimos cada vez mais alimentos industrializados, é imperativo reconhecer o papel desses alimentos na epidemia de obesidade e diabetes tipo 2. O aumento alarmante dessas condições de saúde coincide com a ascensão de uma indústria alimentar focada em produzir e vender insumos baratos e de alto rendimento, como milho, soja e trigo que são transformados em produtos altamente refinados e processados, carregados de calorias, sal, açúcar e gordura. O que torna esses alimentos ultraprocessados tão perigosos é a sua capacidade de nos levar ao excesso de seu consumo, pois são projetados para serem, irresistivelmente saborosos, podendo desencadear comportamentos alimentares compulsivos, levando ao ganho de peso e outras consequências adversas para a saúde.
Na tentativa de compreender melhor essa relação entre alimentos ultraprocessados e ganho de peso, um estudo clínico recente, examinou os efeitos de dietas ultraprocessadas versus não processadas na ingestão de energia e peso corporal. Os resultados foram um tanto previsíveis: participantes que consumiram alimentos ultraprocessados ingeriram, significativamente, mais calorias do que aqueles que optaram por alimentos não processados (508 ± 106 kcal/dia), com aumento do consumo de carboidratos (280 ± 54 kcal/dia).
Essa descoberta tem profundas implicações para a saúde pública e individual. Eliminar alimentos ultraprocessados da dieta pode, não apenas reduzir a ingestão de calorias, mas também resultar em perda de peso. Por outro lado, uma dieta rica em alimentos ultraprocessados pode contribuir para o ganho de peso indesejado.
No entanto, a questão permanece: seria possível reformular esses alimentos para torná-los menos prejudiciais à saúde, mantendo sua conveniência e sabor? Enquanto aguardamos respostas definitivas, limitar o consumo de alimentos ultraprocessados emerge como uma eficaz estratégia na prevenção e tratamento da obesidade. Essa recomendação não se limita a uma única abordagem dietética, mas pode ser integrada a uma variedade de planos alimentares saudáveis, incluindo dietas com baixo teor de carboidratos, baixo teor de gordura, baseadas em plantas ou em alimentos de origem animal.
No entanto, é crucial reconhecer que a transição para uma alimentação menos processada pode ser um desafio para muitos, especialmente para aqueles com recursos limitados de tempo e dinheiro. Portanto, políticas que desencorajem o consumo de alimentos ultraprocessados devem ser acompanhadas de medidas de apoio que tornem mais acessível e viável a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis para todos. Em última análise, trata-se de encontrar um equilíbrio entre conveniência, saúde e bem-estar, e essa jornada começa com boas escolhas e um olhar crítico sobre os alimentos que colocamos em nossos pratos.
Referência:
Ultra-processed diets cause excess calorie intake and weight gain: An inpatient randomized controlled trial of ad libitum food intake